Para um cara que cresceu tendo a companhia dos filmes da sessão da tarde é meio difícil evitar comparações das coisas daqui com as que eram comuns nos filmes lixo da década perdida e que tiveram seu espaço nas telinhas dos anos 90. O cenário: as casas, jardins, gramados, ruas, árvores, carros, pessoas... Pois bem, poderia dizer que hoje o filme em cartaz seria um Esqueceram de mim. A Liz saiu para uma entrevista de emprego e por enquanto que sou um misto de barata tonta desnorteada sem localização, assumo com muito orgulho e sem muitas opções o papel de bibelô e fico em casa sozinho. A diferença é que Macaulay Culkin mostrava o purgatório para dois ladrõezinhos enquanto eu ouço Raul Seixas e lavo a louça. Detalhes, apenas detalhes...
Sei que pulei muitas coisas desde o último post, mas considere esse parágrafo apenas como um adendo.
A chegada em Omaha foi tranqüila, logo encontrei a patroa e sua mãe. No caminho de uma hora para Lincoln, mais uma associação com aqueles momentos presentes na nossa infância. Uma estrada, muito bem conservada, planejada, sinalizada, construída e constantemente retocada, com três faixas para cada mão separadas por um longo canteiro e os viadutos praticamente a cada milha lembra as pistas de Need for Speed ou qualquer outro video game do estilo. Tá certo, pode dizer que é mais um comentário nerd, Kaiser, mas parece mesmo cara, fazer o que?!?!
Apesar das quase trinta horas de viagem muito mal dormidas não estava muito cansado e assim que cheguei na casa, aconteceu minha devida apresentação às instalações e o esperado encontro com o Mr. Norris. Mas naquele ponto eu já estava tão “nem aí” para as coisas por causa dos chacoalhamentos na minha cabeça, horas de viagem, empolgação por chegar e tudo mais que nem dei muita bola para os protocolos e logo estava ajudando-o a colocar os novos eletrodomésticos para dentro da casa. Sim, a casa 1428 da rua quatorze norte está em reformas, e não são reforminhas, a casa toda será praticamente refeita. Os planos da família são mais ou menos os seguintes: incorporar o banheiro ao patrimônio da cozinha, a sala de banhos seria transferida para onde hoje é um quarto; este também daria lugar a um lance de escadas para o sótão, pois a que hoje existe seria descartada, assim, o sótão também acomodaria dois quartos; todo o porão seria levantado uns 60cm, ou dois pés, como eles dizem >/ ; também seria levantada toda a varanda e parte da sala, que estão cedendo. Em resumo, uma obrona!! Mas isso tudo desenrolar-se-ía aos poucos, por enquanto vamos levando...
A casa é bem velhinha mesmo, segundo a Liz, foi construída em 1904, assim como muitas das casas dessa vizinhança, mas está bem conservada e é bem aconchegante, toda a madeira é original e será retrabalhada. Segue o estilo americano de casa de “madeira e papelão”, mas considerando os tornados que de vez em quando dão as caras por aqui é bem melhor que sejam de papelão mesmo, o mais leve possível, assim, quando elas voarem pelos ares você se abriga no porão e se elas caírem sobre sua cabeça o estrago é menor. Pelo menos foi isso que os nativos disseram...
A família foi bem legal comigo (viu mãe!!), principalmente a “sogrinha”, Jennifer. Desde o aeroporto já pude perceber que ela foi com a minha cara, umas piadinhas minhas para quebrar o gelo ajudaram. Já o sogrão, Brad, faz o tipo bem americano mesmo, cheio de ferramentas e uma picape gigante com trailler, elas aliás é bem são bem comuns por aqui. É daqueles que gosta de trabalhar na casa, tipo do “faça você mesmo”, bem conservado para os seus cinquenta e poucos, dá de dez em muito brasileiro de 30. Ou vinte, hehehehe
Depois de colocar as tralhas novas todas para dentro e as velhas para fora, fogão, geladeira, máquina de lavar, secadora, fomos almoçar, quase umas quatro da tarde. Não comi quase nada, ainda pelo remelecho que a comida do avião deu no estômago do amigo aqui.
Sábado e domingo foi basicamente passar nos supermercados, comprar comida e coisas para a casa, arrumar meus panos de bunda aqui e ser apresentado aos restaurantes. Domingo, o Antonio apareceu por aqui com dois irmãos e o pai. Fomos a um restaurante chinês onde a garçonete típica das bandas de lá perguntava “Mohle uátar?” (More water?) e me fazia olhar para ela com cara de “diabéisso?!?!?”. O restaurante era chinês mas muitos dos amigos hispânicos da família do Antonio estavam lá. Acho que a família dele quase toda fala espanhol, ele arranha aqui e ali. Marcamos de qualquer dia combinar um almoço para nós mesmos cozinharmos e lembrar os tempos de 1003B, vou poder praticar mais o meu portunhol que anda tão esquecido ultimamente.
Tudo é vendido em grande quantidade. Comida, produtos de limpeza, cacarecos para casa, tudo em garrafas, potes, embalagens enormes com etiquetas de bônus, pague tanto leve dois tantos, assim como em qualquer McDonald`s da vida. Tudo para incentivar o consumo. Abre-se um pote e antes que esse chegue à metade, ta estragado, ou come-se muito e rápido ou já era. Outras coisas grandes como já adiantei são os carros. Maioria com motores enormes e sedentos por gasolina, os carros extremamente populares daqui seriam uns sadans médios velhos do Brasil mas o que mais se vê são picapes e utilitários gigantes maiores que qualquer carro de linha brasileiro. Também são comuns vãs grandes para variar tipo Zafiras mas maiores, com mais espaço entre os bancos. De uma maneira geral, quarenta por cento dos carros seriam picapes, utilitários ou vans, uns vinte por cento são esportivos tipo Mustang, Audi, BMW e os outros quarenta, da galera estudante. Não são carros-lixo para os padrões brasileiros, têm seus cinco a dez anos de uso, muito espaço interno pois são sedans mesmo e em geral com aparência esportiva, baixos, alongados, com faróis estilosos. Mas todos, sem exceção, com vidros fechados e ar-condicionado truando! Nesses tempos de 100F, ninguém tenta andar com vidros abertos para resfriar um pouco ate o ar-condicionado fazer efeito. Como a cidade é pequena e a temperatura é muito alta, resultado: nunca dá tempo de resfriar o suficiente e sempre andam no calor mesmo com o ar no máximo.
Já nas casas é diferente, o ar está sempre ligado. Dia e noite, não importa se tem gente em casa ou não. Todas elas têm um controle de temperatura interno que está geralmente a 75F, mas por pedido meu, aqui em casa é 78F, algumas visitas ainda se abanam. Outra coisa que chama a atenção para uma pessoa que é filho do meu econômico pai é o sistema de água. Tem uma tubulação de água quente e outra com água fria. Mas fria não de temperatura ambiente mas de refrigerada mesmo, segundo a Liz, passa pelo ar-condicionado se fresfria. Mas o engraçado e trágico é que essa água mal é usada, mesmo no verão, os banhos são quentes. Ou seja, gasta-se energia para aquecer a água a uma temperatura quase impraticável, mais energia para resfriar a outra água mas no fim das contas elas vão se misturar nas pias e chuveiros. Massa!!!
Sei que pulei muitas coisas desde o último post, mas considere esse parágrafo apenas como um adendo.
A chegada em Omaha foi tranqüila, logo encontrei a patroa e sua mãe. No caminho de uma hora para Lincoln, mais uma associação com aqueles momentos presentes na nossa infância. Uma estrada, muito bem conservada, planejada, sinalizada, construída e constantemente retocada, com três faixas para cada mão separadas por um longo canteiro e os viadutos praticamente a cada milha lembra as pistas de Need for Speed ou qualquer outro video game do estilo. Tá certo, pode dizer que é mais um comentário nerd, Kaiser, mas parece mesmo cara, fazer o que?!?!
Apesar das quase trinta horas de viagem muito mal dormidas não estava muito cansado e assim que cheguei na casa, aconteceu minha devida apresentação às instalações e o esperado encontro com o Mr. Norris. Mas naquele ponto eu já estava tão “nem aí” para as coisas por causa dos chacoalhamentos na minha cabeça, horas de viagem, empolgação por chegar e tudo mais que nem dei muita bola para os protocolos e logo estava ajudando-o a colocar os novos eletrodomésticos para dentro da casa. Sim, a casa 1428 da rua quatorze norte está em reformas, e não são reforminhas, a casa toda será praticamente refeita. Os planos da família são mais ou menos os seguintes: incorporar o banheiro ao patrimônio da cozinha, a sala de banhos seria transferida para onde hoje é um quarto; este também daria lugar a um lance de escadas para o sótão, pois a que hoje existe seria descartada, assim, o sótão também acomodaria dois quartos; todo o porão seria levantado uns 60cm, ou dois pés, como eles dizem >/ ; também seria levantada toda a varanda e parte da sala, que estão cedendo. Em resumo, uma obrona!! Mas isso tudo desenrolar-se-ía aos poucos, por enquanto vamos levando...
A casa é bem velhinha mesmo, segundo a Liz, foi construída em 1904, assim como muitas das casas dessa vizinhança, mas está bem conservada e é bem aconchegante, toda a madeira é original e será retrabalhada. Segue o estilo americano de casa de “madeira e papelão”, mas considerando os tornados que de vez em quando dão as caras por aqui é bem melhor que sejam de papelão mesmo, o mais leve possível, assim, quando elas voarem pelos ares você se abriga no porão e se elas caírem sobre sua cabeça o estrago é menor. Pelo menos foi isso que os nativos disseram...
A família foi bem legal comigo (viu mãe!!), principalmente a “sogrinha”, Jennifer. Desde o aeroporto já pude perceber que ela foi com a minha cara, umas piadinhas minhas para quebrar o gelo ajudaram. Já o sogrão, Brad, faz o tipo bem americano mesmo, cheio de ferramentas e uma picape gigante com trailler, elas aliás é bem são bem comuns por aqui. É daqueles que gosta de trabalhar na casa, tipo do “faça você mesmo”, bem conservado para os seus cinquenta e poucos, dá de dez em muito brasileiro de 30. Ou vinte, hehehehe
Depois de colocar as tralhas novas todas para dentro e as velhas para fora, fogão, geladeira, máquina de lavar, secadora, fomos almoçar, quase umas quatro da tarde. Não comi quase nada, ainda pelo remelecho que a comida do avião deu no estômago do amigo aqui.
Sábado e domingo foi basicamente passar nos supermercados, comprar comida e coisas para a casa, arrumar meus panos de bunda aqui e ser apresentado aos restaurantes. Domingo, o Antonio apareceu por aqui com dois irmãos e o pai. Fomos a um restaurante chinês onde a garçonete típica das bandas de lá perguntava “Mohle uátar?” (More water?) e me fazia olhar para ela com cara de “diabéisso?!?!?”. O restaurante era chinês mas muitos dos amigos hispânicos da família do Antonio estavam lá. Acho que a família dele quase toda fala espanhol, ele arranha aqui e ali. Marcamos de qualquer dia combinar um almoço para nós mesmos cozinharmos e lembrar os tempos de 1003B, vou poder praticar mais o meu portunhol que anda tão esquecido ultimamente.
Tudo é vendido em grande quantidade. Comida, produtos de limpeza, cacarecos para casa, tudo em garrafas, potes, embalagens enormes com etiquetas de bônus, pague tanto leve dois tantos, assim como em qualquer McDonald`s da vida. Tudo para incentivar o consumo. Abre-se um pote e antes que esse chegue à metade, ta estragado, ou come-se muito e rápido ou já era. Outras coisas grandes como já adiantei são os carros. Maioria com motores enormes e sedentos por gasolina, os carros extremamente populares daqui seriam uns sadans médios velhos do Brasil mas o que mais se vê são picapes e utilitários gigantes maiores que qualquer carro de linha brasileiro. Também são comuns vãs grandes para variar tipo Zafiras mas maiores, com mais espaço entre os bancos. De uma maneira geral, quarenta por cento dos carros seriam picapes, utilitários ou vans, uns vinte por cento são esportivos tipo Mustang, Audi, BMW e os outros quarenta, da galera estudante. Não são carros-lixo para os padrões brasileiros, têm seus cinco a dez anos de uso, muito espaço interno pois são sedans mesmo e em geral com aparência esportiva, baixos, alongados, com faróis estilosos. Mas todos, sem exceção, com vidros fechados e ar-condicionado truando! Nesses tempos de 100F, ninguém tenta andar com vidros abertos para resfriar um pouco ate o ar-condicionado fazer efeito. Como a cidade é pequena e a temperatura é muito alta, resultado: nunca dá tempo de resfriar o suficiente e sempre andam no calor mesmo com o ar no máximo.
Já nas casas é diferente, o ar está sempre ligado. Dia e noite, não importa se tem gente em casa ou não. Todas elas têm um controle de temperatura interno que está geralmente a 75F, mas por pedido meu, aqui em casa é 78F, algumas visitas ainda se abanam. Outra coisa que chama a atenção para uma pessoa que é filho do meu econômico pai é o sistema de água. Tem uma tubulação de água quente e outra com água fria. Mas fria não de temperatura ambiente mas de refrigerada mesmo, segundo a Liz, passa pelo ar-condicionado se fresfria. Mas o engraçado e trágico é que essa água mal é usada, mesmo no verão, os banhos são quentes. Ou seja, gasta-se energia para aquecer a água a uma temperatura quase impraticável, mais energia para resfriar a outra água mas no fim das contas elas vão se misturar nas pias e chuveiros. Massa!!!
Um comentário:
Hey maninho!Como vai?
Mas vc, hein? adooora digitar! Quero q traga lembranças dos EUA, viu? ER...de vez em quando me dá vontade d cortar a estrada daí pra cá só pra eu poder te dar um abraço bem apertado! As coisas aí são diferentes, mesmo! Vc coloca cada detalhe q até me canso de ler tudo! Mas, como vc eh meu irmão, eu naum deixo de ler nada! Bjim
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