terça-feira, 21 de agosto de 2007

Chegadas, O genro, Zoo e outros dias nao atualizados






















Decidi não esperar mais até ter um bom sinal de internet para escrever sobre as coisas que se passam por essas bandas. O que acontece é que ainda não temos internet própria e estamos meio que “usando emprestado sem pedir” dos vizinhos, por isso, nem sempre conseguimos carregar uma página ou mesmo entrar no msn. Então, escrevo aqui nesta noite ainda clara de domingo sem saber quando essas tortas e mal tecidas linhas serão levadas ao blog.
Começando pela quinta, que foi basicamente pegar a Lídia e família no aeroporto. Lídia foi a professora de português dos gringos que aqui agora são nativos quando eles ainda eram os gringos, no Brasil. Seu marido é professor da UFC que provavelmente está aqui para um doutorado ou pós ou seja lá. Fomos ao pequeno aeroporto de Lincoln, levamos alguns sacos de dormir pois a família não tinha nada na casa onde iam morar. Felicidade deles, Anna e sua mãe já haviam preparado tudo, ou muita coisa, de brinquedo para os três meninos a comida e cacarecos de cozinha. Nossa ajuda, basicamente dispensável perto delas, logo, voltamos para casa.
Passando pela sexta, quando meu companheiro de empreitada, Thiciano, chegou por aqui. Ele pousou em Omaha ás 11h30min, foi a primeira vez que vi Danny desde que cheguei, e também uma amiga da Anna, Melissa, que é do Canadá, mora na Flórida e está passando uns dias por aqui. O irmão e cunhada (Garbiela, que também trabalha nos “assuntos internacionais” da UNL e nos ajudou em nossa vinda) do Thiciano também estavam lá para fazer as honras.
Bandeirinhas tupiniquins nas mãos e tudo mais, logo estávamos num restaurante sugerido pela Anna, felizmente já tinha passado num Mc antes de partir pois os preços por lá não estavam para o gosto de estudante brasileiro. O restô, Old Chicago, encontra-se no centro velho de Omaha, lugar muito bem decorado, com arquitetura antiga, tijolinhos, cafés nas calçadas, lojinhas de roupas e cacarecos de souvenirs e tudo mais.
Tudo no lugar lembra a cidade que dá nome ao restaurante, música, decoração, vídeos... Logo mais, fui com a família deixa-lo em casa, por esses dias, será na casa do irmão mas logo logo ele vai se mudar para o que será sua casa pelos próximos meses. Depois de um breve papo e apresentações, Thiciano e o irmão foram jogar futebol (o nosso) enquanto eu tive que alugar a Gabriela para me deixar em casa, pois tinha combinado com Matt, Antonio e Liz de jantar num restaurante Mongol (especializado em comida da Mongólia) e depois assistir a um filme.
O nome do lugar é HuHot, bem legal, movimentado e carinho também, diga-se de passagem, pois US$12,29 por pessoa não é algo a ser ignorado. Você faz seu prato, basicamente uma “cumbuca” com coisas cruas, carnes, peixe, frango, macarrão, verduras, molhos e depois eles assam em um enorme frigideira em forma de mesa. De início, Liz tinha ido para a fazenda dos pais, nos encontrando apenas do final do jantar. Ela chegou com o rosto inchado, olhos vermelhos e nariz entopido, foi logo dando explicações: recebeu umas flores da mãe e no caminho para casa descobriu que era alérgica ás plantinhas. Saímos “voados” do restaurante para pegar a última sessão do cinema, ainda chegamos na hora mas não encontramos mais lugares. Uma volta frustrada para casa seria o fim de noite, mas uma amiga da Liz, Briana, ligou nos chamando para a “reinauguração da casa”, na verdade, elas estavam voltando a habitar o recinto depois das férias de verão. Quando chegamos, Antônio e eu éramos os únicos homens entre umas dez meninas reunidas desde duas horas antes com alguns licores, runs, vodcas e cervejas.
Beleza!! Situação perfeita para ampliar as relações internacionais, novos amigos, ou melhor, amigas, expandir a rede de contatos. Que nada, a recepção bem agradável à fria moda americana dissipou minha empolgação inicial. As apresentações foram tipo: “esse é o Nathan, aquele o Antonio.”, “Oi! Ah, olha, deixa eu mostrar a casa!”. Ninguém, nem mesmo as amigas da Liz que eu já conhecia ou ela mesma chegava a menos de um metro e meio de Antonio e eu, o jeito foi ficarmos lá, conversando até que alguem se apresentasse para saber o que diabos aqueles dois caras estavam fazendo lá. O que mudou a história foi a chegada de mais caras, munidos de mais cervejas, muito mais, logo foram se entrosando, arrumaram uns lugares na mesa onde falavam besteira e bebiam, bebiam, bebiam. Isso afastou algumas meninas daquela área e a saída delas foi o sofá onde estávamos Antonio e eu. Consegui bater um papo com algumas delas, depois da dificuldade inicial de provar que eu era do Brasil e o Antonio é que era daqui... Pouco depois, nos chamaram para ver o super-ultra-mega e conservado Nintendo que tinham no porão. Jogamos um pouco, depois voltamos á sala e logo já estávamos pegando o beco.
Saldo da noite: não espere recepção calorosa dos nativos, ou mesmo recepção do tipo “acho que gostaram de mim”, em qualquer lugar que se vá, se você não conhece muita gente (infelizmente o meu caso), a recepção será “eles definitivamente não me querem por aqui”, mas isso não reflete necessariamente seus pensamentos.
Sábado foi um dia importante, dia em que conheci a parte da família que faltava conhecer. Partimos para Ceresco depois de uma passada no drive thru do Runza, uma rede de fast food, lógico, que começou aqui em Nebraska. Pé na estrada comendo no carro, ouvindo country, isso é algo puramente caipira aqui. A propósito, o estado é conhecido por ser terra de caipira mesmo, aqui chamados de red neck, pescoço vermelho ou hell bully, que seja... fato é que me senti um perfeito caipirão.
Eu já falei que aqui constantemente me sinto em filmes, pois bem, o de sábado se eu não me engano, é O genro. Nos meus tempos de cinema em casa (esse filme é do SBT, por isso não trata-se de sessão da tarde e sim de cinema em casa), uma caipirinha de Dakota do Sul (estado acima de Nebraska) vai para a califórnia e lá conhece esse cara meio malucão, vocês podem se lembrar dele de O homem da Califórnia, onde interpreta o amigo igualmente esquisito do cara que acha um homem de milhares de anos congelado no quital. Ela está prestes a se casar com um hell bully mas para despistar o pretendente e a família leva o esquisito para a casa dos pais e o apresenta como noivo.
Tirando alguns detalhes de enredo, me senti mesmo o cara. Conhecimento zero de fazenda, fui tratando de fazer amizade com os cachorros que estavam na porta assim que chegamos, assim teria um refúgio, mesmo quando ninguém se apresentasse para falar comigo, os cães nunca desapontam, depois, um periquito australiano que não é tão útil como um cão nessas horas mas tudo bem. Conheci as três irmãs e a sobrinha, Samantha, talvez pela tradição de recepções do povo por aqui ou por vergonha mesmo, as apresentações não passaram de apertos de mão. Um tempinho batendo um papo, ou ouvindo mesmo pois não falei muito, fazendo amizade com o gato, babando a Sam, fui convidado para ajudar a cortar a grama. Eu sabia que seria convidado, por isso, coloquei algumas roupas mais folgadas e caidinhas na mochila antes de sair de casa.
Eles têm muita grama, a estrada de terra passa a uns duzentos metros da casa todo o caminho é beirado por grama, além disso, tem o quintal, a frente da casa, a oficina e o depósito de grãos tudo isso cercado de grama. Fui apresentado aos cortadores, pequenos tratores que devem ter mais potência que meu saudoso Corsa, escolhi o que julguei ser mais fácil de controlar e lá estava eu fazendo o contorno da estrada. Depois de um tempo os avós chegaram, eles vinham da Dakota do Sul, traziam a bisavó, que mora na fazenda, apresentações feitas, tentei manter o jeito brasileiro, abraço nas mulheres, e aperto de mão firme nos homens.
Depois de algumas horas moendo capim, tinhamos acabado o serviço. Foi legal, não pode-se dizer que foi serviço de profissional pois olhando bem, ainda via-se alguns heróicos fiapinhos resisitentes, mas deu para voltar a sentir o que é dirigir. Voltamos para Lincoln com duas das irmãs, Alli e Daianne, espero que se escreva assim mesmo. Alli parece muito com a Liz, um pouco mais alta mas praticamente mesmo corpo e rosto. Tomamos banho e nos encontramos com os outros num restaurante italiano. No caminho, Alli e Daianne ficavam me perguntando pronúncias e significados de palavras em português de um dicionário que acharam no carro, demos uma volta no shopping enquanto aguardávamos uma mesa vaga, brincadeiras, piadas bestas como sempre, consegui quebrar o gelo e acho que já tenho duas aliadas na família, além da mãe delas. Depois do jantar, apresentar a casa para os avós, acho que já assisti a essa apresentação umas dez vezes, sei quase todas as falas da Liz decoradas.
Domingo foi a ida ao Zoológico de Omaha, todos na entrada às onze da manhã esperando o Thiciano e família até quase meio dia. Coisa de brasileiro, hein!? Macaco, cobra, lagartixa, macacão, macaquinho, cobrinha, lagartixão, sapo, perereca, passarinho, passarinhão, essas coisas de zoológico. O zoo de Omaha, segundo informações dos locais, é o segundo dos EUA, interessante, mas a monotonia de ficar admirando cada espécie de diferentes ângulos e tamanhos enche o saco. Me desgarrei do grupo com a Liz e Antonio para fazer o trajeto mais rápido e acabar logo com tanto bicho. Urso, rhinoceronte, elefante, girafa, tubarão, peixe, peixinho, peixão, mais perereca, sapo, cobra, lá pelas três da tarde terminamos.
Só com o café da manhã, estava com o umbigo colando nas costas. Com o pai, irmão e cunhada do Antonio, fomos a um restaurante na entrada de Omaha especializado em comida Texana. Logo na entrada, um tonel de amendoim, você descasca e joga os restos no chão mesmo, esse é o charme do lugar. Depois de um tempo, chega a comida, um exagero de carne. No cardápio vem o peso dos bifinhos em onças, fazendo umas conversões, no final das contas, devia ter uns 400g de carne no meu prato, e eu pedi um mediozinho, o do pai do Antonio devia ter um quilo de bisteca de boi. E os bifinhos são grossos e geralmente mal passados, a menos que você peça o contrário, uns quatro centímetros de espessura de carne, uma cumbuca de arroz apimentado e para variar, purê de batata. No final das contas, pensei em ir rolando para o carro, mas isso chamaria muita atenção. Ah, detalhe, as facas eram da Tramontina...
Voltamos para mostrar a Liz a casa do Antonio, passamos um tempinho no andar de cima, onde mora o irmão e voltamos para casa. Liz estava com dor de cabeça muito forte, fiquei escrevendo essas memórias tortas e tomando uma limonada que ela insiste em dizer que tem 5% de álcool enquanto ela dormia. Minutos e um Tylenol mais tarde, Brenda liga para ela e convida para sair, ela estava num restaurante no centro da cidade com o namorado e queria nos ver. Brenda é muito bonita, cabelo meio termo entre loiro e ruivo, olho meio termo entre azul e verde, alta... já ele é muito gente boa, você sabe o que quero dizer, né?!?!
Que ninguém com capacidade de traduzir isso leia, mas o cara é meio caipirão, do tipo que dá para desenhar a testa e o nariz com uma linha só, camisa chadrez, calça jeans, botas e cinto de couro com fivela de metal, mas que fique bem claro, muito gente boa mesmo, comparado com minhas outras experiências com os nativos. Foi o único com quem consegui trocar um papo legal, não no restaurante, pois eles falavam sobre pessoas que eu não conhecia, lugares que também nunca tinha ouvido falar e coisas que para mim eram igualmente estranhas. Mas ao final da noite, veio o que acho que foi a décima primeira apresentação da casa. Enquanto as meninas ficavam vendo fotos no computador e conversando coisas irrelevantes que só elas conseguem pensar e falar sobre isso, eu e J. Ross, espero que se escreva assim mesmo, batíamos um papo com umas Bud Light.

Um comentário:

Sophia disse...

Gostei muito das aventuras vividas por vcs, principalmente essas na fazenda e no zoológico. Mas como vc adivinhou q ia ser chamado p/ cortar a grama da fazenda?! Do q vc + gosotou no zoológico?!