quarta-feira, 6 de abril de 2011

O brasileiro e o cinema

segunda-feira, 28 de março de 2011

Por que eu não apaguei as luzes

Muito provavelmente você recebeu um email ou mensagem em inúteis redes sociais alertando para a hora do planeta e pedindo para apagar suas luzes na noite de sábado. Se não recebeu, qual anti-spam você usa?

Eu recebi, não só uma, várias. A manifestação mobilizou milhões de pessoas, ao redor do mundo. Alguns desligaram todos eletrodomésticos, outros limitaram-se às luzes. Vários monumentos ficaram às escuras por alguns minutos, as imagens de cartões postais famosos desaparecidos em meio à escuridão ganharam alguns segundos entre a última denúncia de corrupção e o comercial do Itaú antes da cobertura do amistoso da seleção. E só.

Qual era mesmo a intenção da manifestação? Alertar sobre aquecimento global? Sobre o consumo de energia? Quem organizou? Ou para mostrar como é fácil assaltar um turista otário tirando foto do corcovado num breu total numa rua mal iluminada qualquer? Alertar quem? Pressionar quem?

Não se iluda, nem você nem os outros milhões que apagaram suas luzes não reduziram o consumo de energia no mundo. E os monumentos? Bem, enumere quantas vezes você viu imagens da Acrópole, da CN Tower ou da Ópera de Sydney nos últimos anos? Provavelmente apenas no Réveillon, com muita gente bêbada, cobertos de fogos, shows de rock e ... muitas luzes acesas para celebrar o novo ano. Assim como 90% das mensagens que nos são passadas nesses dias, essas imagens não passam de puro marketing. Uma maneira de se mostrarem ao mundo, atrair turistas e fazer média de environmentally friendly. Meio que o “lata-velha” do Huck ou “Dia de princesa” de qualquer semi-celebridade das tardes de sábado ou domingo mostrando “consciência social”.

Olha como somos conscientes, juntos vamos mudar o mundo

Muito bem, posturas nada contraditórias, Sidnei


Que tal o “Recycle all your trash day” ou “Feed a hungry child day”? Nheeem, sem pirotecnia não se atrai tantos olhares.

Chamar atenção para as mudanças climáticas é mais que necessário mas existem formas mais eficientes e menos ufanistas de salvar o planeta que simplesmente apagando as luzes. Tacar o dedo no biloto da luz neste sábado teve o mesmo efeito que comprar um Big Mac no Mc Dia Feliz. Só serviu para dar a falsa impressão à manipulada classe média "esclarecida" de que ela está fazendo algo para melhorar o futuro das próximas gerações. Assim, ela pode sair com o ar condicionado do seu SUV no máximo, de peito cheio e muito orgulhosa de ver como está engajada na luta por um mundo melhor, enquanto deixa algumas centenas de gramas de papelão e isopor sobre a mesa do fast food ou mesmo no chão, afinal, tem gente que ganha para limpar isso e colaborar com a limpeza é reduzir postos de trabalho.

Quer mudar o mundo? Não precisa chutar a quina da cadeira ano que vem, saia da frente da TV, dê carona ao seu vizinho, tome banho frio, recicle seu lixo, ensine uma criança a ler e jogue uma pedra na janela da câmara/prefeitura/sede do governo/congresso nacional.