As minhas primeiras memórias de Martinho da Vila me remetem a fins de semana em Natal, uma vitrola cinza na sala e meu pai de short azul na varanda da casa com uma cervejinha do lado perguntando a minha mãe quando sairia o tira-gosto. Mulheres, Pra que dinheiro, Disritmia, Batuque na cozinha, Canta canta, minha gente, Ex-amor, Quem é do mar não enjoa e outros clássicos já eram conhecidos desde meus primórdios de infância.
Martinho da Vila é uma figura querida no Brasil todo e muito conhecido mundo afora. Pelo seu estilo com grande influência de elementos Afro, conquistou a simpatia das outras ex-colônias portuguesas e também é muito querido na Europa e já gravou em outras línguas. Numa dessas fuçadas pelo Youtube, descobri um vídeo sobre uma de suas viagens por Paris. Com categoria de quem já havia estado aqui algumas vezes, Martinho exprime suas opiniões sobre alguns pontos do mito Paris.
Interessante reparar que mesmo em 1977 Paris já tinha a aura que se percebe hoje. Ele fala sobre o que é estar em Paris, viver aqui e alguns aspectos banais da cidade.
Eu, às vezes, sou perguntado por amigos sobre a vida que levo aqui. Quando respondo algo do tipo “normal”, “tranquilo”, “chata” ou outras respostas que remontam à normalidade de uma vida rotineira numa cidade qualquer, logo sou reprimido com frases do tipo: “Mas como pode? Você está em Paris!!”. Ou mesmo o mito que se faz de que vivo numa cidade perfeita, com casais apaixonados a cada esquina, vendedores de crêpe gentis que presenteiam os turistas que passam e sanfoneiros que embalam os namorados e enchem o ar com a melancolia romântica que se espera da cidade luz.
Não acreditam quando eu digo. Então, com a palavra, Martinho...
“Eu quero só vir aqui para fazer essa coisa, depois ir embora para lá. Eu não quero ficar trabalhando toda a vida, que daqui há dois anos, eu quero ser um vagabundo, entendeu?”
Sábias palavras!
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