terça-feira, 18 de maio de 2010

GP de Mônaco. Dizem que eu estive lá, ainda não acredito!



Do dia 13 ao 16 de Maio várias coisas aconteceram no mundo. Atentados, assinatura de tratados, nascimentos, mortes, alguma loira inútil deve ter aparecido em algum lugar com um vestido mínimo, um playboy deve ter se metido em brigas, uma loira/morena/ruiva deve ter assinado com uma revista masculina, um ator/modelo/ex-BBB deve ter “atacado de DJ” e por isso apareceu na coluna laranja do globo.com, algum técnico deve ter sido demitido, 90% do Brasil deve ter continuado a xingar o Dunga ou a pobre mãe dele e algum esquema de corrupção deve ter sido descoberto, ou seja, mais um fim de semana normal. Não para mim. Garanto que não teve pinto em merda mais feliz que eu nesses dias, EU FUI PARA O GRANDE PRÊMIO DE MÔNACO! Pelo menos é nisso que eu estou tentando acreditar até agora.

Eu poderia contar a história do meu último final de semana de várias formas. Poderia descrever simplesmente em ordem cronológica os eventos desses últimos dias, começando ainda muito antes, no início do ano, quando os ingressos foram postos à venda no site da fórmula 1 e comecei a programar a viagem; explicar como o metrô foi cancelado e tivemos que sacrificar 50 euros num taxi para a estação às 6 da manhã e chegar 5 minutos antes do TGV sair (trem bala francês); falar da americana porra-loca que sentou ao meu lado no trem e que carregava dois chihuahuas na bolsa enquanto desenhava a paisagem com lápis de cor e uma borracha elétrica, juro que era elétrica!; passar pela descrição do albergue e das duas anciãs que tomavam conta da bagunça e passaram cinco dias com a mesma roupa; da convenção de brasileiros que se encontravam a cada esquina por acaso; da Odisseia de ir de Nice a Mônaco de bike parando a cada dez minutos para esperar o Master; dos carões que levamos de policiais monegascos pelos mais diferentes motivos como andar sem camisa, farofar nos jardins, pich... escrever frases de apoio ao Massa no guard rail ao lado de da sua posição de largada ou subir 600 metros durante 5 km de uma rodovia internacional de bicicleta recebendo incentivo das pessoas dentro dos carros parados no engarrafamento e buzinadas dos que passavam “tirando finos” nos nossos pedais até sermos parados pelo carro de fiscalização da rodovia enquanto cruzávamos quatro faixas por onde passavam Ferraris, Porsches, Mercedes e Lotus assim como Fiats, Renaults e Peugeots a mais de 100, 200 ou sabe-se lá quantos km/h e recebermos mais uns carões e uma carona. Confuso? Leia outra vez que você vai entender!

Poderia descrever como encontrei os pilotos, mecânicos e chefes de equipe no circuito; como perambulei pelas curvas procurando a cada curva por pedaços de carro para trazer como lembrança; enumerar os diversos motivos que me fizeram odiar os FDP’s da FIA que nos venderam ingressos para um barranco prestes a desmoronar com uma gaivota em decomposição ao meu lado; etc, etc...

Mas nada disso poderia explicar o que realmente senti naqueles dias. Na verdade, nem eu mesmo sei. Antes que alguem me chame de fútil ou desocupado por gastar suor, tempo e dinheiro para ver carros fazendo vruuum , vruuum, vruuum e contribuindo para o aumento do efeito estufa por horas e horas, quero dizer que, como dizia o meu amigo e sábio poeta nas horas vagas André Kaiser Lins, gosto é como c*, cada um tem o seu e se quiserem frescar com o meu, eu fico puto. Gosto sim de Fórmula 1, curto mesmo, acordo cedo ou durmo tarde para ver as corridas ou mesmo os treinos desde pequeno. Um dos motivos pelos quais eu odiava fazer eucaristia era por ter que passar as manhãs de domingo longe da TV, ainda bem que a temporada de 97 não foi lá tão emocionante. Sei o nome, nacionalidade, um pouco da história de cada piloto. Conheço as cores de cada equipe, e me atualizo sempre a respeito das novidades, notícias, etc...

Não sei ao certo como isso aconteceu, mas algumas das minhas primeiras lembranças são relacionadas com a F1. Talvez a minha lembrança mais antiga seja de um domingo quando estávamos numa casa na cidade satélite, em Natal que não era a minha, minha família (na época pai, mãe e eu) e alguns amigos assistindo ao GP. Era um dia de chuva e todos torciam para um carro branco e vermelho que corria muito rápido numa pista estreita e rodeada por muros por toda parte. Eu não entendia direito o que acontecia, mas de alguma forma, aquilo chamou minha atenção. A partir de então, a F1 passou a ser uma rotina. Muitas vezes meu pai fazia churrasco com o vizinho enquanto assistíamos aos GP’s, eu pegava os cascos e ia comprar cerveja na esquina o mais rápido possível para não perder um lance. Depois da corrida eu fazia circuitos de terra no quintal de brincava com meus amigos de corrida, podia ser a pé, com carrinhos de plástico ou tampinhas de garrafa. Decorávamos os nomes dos pilotos e encenávamos os acidentes, apostávamos corridas até o campinho e quem chegasse por último, pior que mulher do padre, seria um japonês roda presa, os primeiros geralmente escolhiam ser o Senna ou um tal de “Xumaque” que começava a ganhar umas corridas, mas ninguém queria ser Prost ou Mansell. Ainda lembro muito bem da conversa do meu pai com meu tio no dia primeiro de Maio de 1994 e prefiro não falar sobre isso, mas à partir de então, sempre esperei por alguem que pudesse carregar a nossa bandeira e servir como exemplo para tanta gente.

O tempo passou e assim como educação e juízo, meu pai, talvez sem querer, também me ensinou a gostar das corridas. O problema é que eu passei a gostar mais do que ele, como nos dias que terminava o almoço mais cedo e ia correndo para casa assistir às provas, fossem elas de F1, Fórmula Indy/Mundial, Stock car, Fórmula Truck ou mesmo Moto velocidade ou Motonáutica.

Talvez assim vocês entendam um pouco o motivo da minha euforia e possam imaginar um pouco o que eu senti nesses últimos dias.

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